sexta-feira, 1 de junho de 2012

(Re)Feitos (de) crianças - Tiago Costa - Romanos 8.12-17


                  Quando eu era criança, o que não faz muito tempo, gostava muito de uma história que não era a favorita de todo mundo: a história do Pinóquio. Ela conta o que aconteceu quando um homem chamado Gepeto modelou um boneco de madeira com suas próprias mãos! Ele o amou, não como se fosse uma coisa, um pedaço de árvore, mas como se fosse o seu próprio filho.
                  Todo esse amor fez com que Pinóquio ganhasse vida, com uma condição: ser bom e verdadeiro. Gepeto então, o enviou para a escola, por que isso era o melhor para ele! Porém, no caminho, uma raposa prometeu para ele fama e dinheiro no teatro de bonecos! Iludido com a promessa, pinóquio não dá ouvidos às instruções do grilo falante, que foi enviado para acompanhar e direcionar os seus passos, e termina prisioneiro, de sua própria ilusão.
                Essa história, que vocês provavelmente já conhecem, tem muito a ver com o texto que nós lemos.  A exemplo do pequeno boneco de madeira em busca pela sua humanidade, encontramos Paulo escrevendo à comunidade de cristãos de Roma, que também era tratada como nada pelo império, esse que considerava os cristãos como gente sem dignidade. Pobres, coisificados e sempre ameaçados, começam a desejar a escravidão da lei e da regra. Se prendem às obras que semeiam a morte, apesar do discurso gritar pela vida. De nada vale cantar, pregar e gritar o amor se na prática agirmos como promotores do julgo, da condenação, da lei e da morte.
                 Quero então de te convidar a tirar a venda e olhar para você mesmo, Será que no caminho da vida refletimos a identidade do nosso Pai? Ou será que somos prisioneiros da nossa própria ilusão? Quando damos espaço para as obras da carne, esquecemos de olhar para o nosso 
próprio caminho e escolhemos não mudar, escolhemos nos tornar…

                                Filhos de Madeira - Escravos da carne

                  




   Carne ou “sarx”, no texto, não são as atividades do corpo físico, mas as atitudes que nos levam à vida de pecado, maquinações da sua vontade pecadora, do próprio egocentrísmo e condições de auto afirmações. Atitudes, que negam a nossa humanidade. Diante do Deus que se tornou carne para ensinar a humanidade a ser humana em sua plenitude, encontramos obras que nos afastam do caminho da vida.
                   Viver segundo a carne, significa viver na direção da morte. Dar ouvido ao que a raposa nos oferece, significa vender a si mesmo em troca de uma auto promoção, assim como vender e usar o outro em nome de uma lei significa ceder ao preconceito, ao individualismo, ao machismo, à moda. Viver segundo a sarx significa se vendar para o mundo, não enxergar a necessidade do outro em nome de uma lei que exclui e separa.
                     Todo legalismo é coisificador, quem vive escravo da lei, torna o outro em coisa. Vivemos numa sociedade que gera filhos de madeira, nos tornamos um pouco mais pinóquios toda vez que coisificamos o nosso irmão, que destruímos a dignidade em nome de uma submissão que não é nada mais que egoísmo. Nos sentamos em bancos de madeira, com nossos corpos de madeira, assistindo a narizes que não param de crescer, ouvindo e vendo as mentiras mais indecentes.
                    E vendo a mim mesmo, diante de um exército de pinóquios, escolho ver ao invés de me vender ou me vendar. O convite que o texto de Romanos nos faz é que sejamos guiados pelo Espírito, direcionados pelo Seu amor e Sua graça, pois nem eu e nem você devemos nada a carne, devemos àquele que pagou a nossa maior dívida e por Ele nos reconhecemos livres, livres do sistema opressor, mau e injusto. Livres das obras que trazem discórdia, separação e desamor. Livres da fofoca, da inimizade e do abuso. Livres do egoísmo, da cegueira e do temor da escravidão.
                    Por meio dEle, somos orientados a escolher um outro caminho, o caminho que nos molda e nos (re)faz como…


                          Crianças de carne - Livres pelo espírito
                     Ao olhar para o versículo 16, encontramos outra tradução para a palavra filhos. “Tekna” pode ser traduzida também como criança; somos mais, muito mais, que filhos, somos crianças de Deus. Criança é símbolo de esperança, mesmo em meio a maldade (coisa de gente grande) a pureza das crianças se faz poesia em cada brincadeira. Criança não deve, criança depende.
                      Todo mundo fala que eu pareço muito com o meu pai, e essa é uma de suas maiores alegrias! Como filhos de Deus, que são cheios da graça e do amor, é nosso estrito dever compartilhar esse amor e essa graça com o mundo, para que todos digam: Olha como ele é parecido com o pai! Porque ele fala como o Pai, age como o Pai, depende do Pai! O escravo obedece pelo medo, o filho, porque compreende. Quando nos enxergamos carne e osso, quando reconhecemos que somos falhos e pecadores é que nos tornamos filhos, só no calor e no mover do Espírito santo podemos chamar Deus de ABBA!       
                     A palavra “ABBA” era, e ainda é, usada pelos que falam o aramaico como termo familiar com o qual os filhos se dirigem ao seu pai, a primeira palavra falada quando a criança desmama. Não era usada pelos judeus para se referir a Deus, de maneira nenhuma! Mas Jesus nos mostra o quanto podemos ser íntimos de Deus! O quanto Ele nos amou! Jesus é o caminho para chegarmos a Deus e transformarmos nossas atitudes, Ele é o caminho para que possamos trocar o farpar da madeira, pelo choro sempre atendido pelo papai.
                    Essa intimidade nos garante a a liberdade de sermos co-herdeiros com Cristo, assim somos glorificados por que estamos nele e quando sofremos nele, não sofremos sozinhos, nosso choro é sempre ouvido! Nos gloriamos por estamos vivendo por Ele, com Ele e nEle! Nos gloriamos porque somos cuidados, cuidados para cuidar de outros!
                 Concluindo, o pinóquio se arrependeu do que tinha feito e ouviu o grilo falante, que o ensinou a fazer uma jangada para chegar até o pai que estava no mar! Confuso, e em progunda agonia, em meio as muitas ondas foi engolido por uma baleia e na barriga da baleia, quando tudo parecia perdido ele encontra o seu pai. O perdão gerou fogo e o fogo gerou carne e vida.
                 
  - Me perdoa, Papai. - disse pinóquio
                
  - Agora tenho um filho verdadeiro! - Exclamou Gepeto!
                  Somos desafiados a não ouvir os conselhos das raposas que nos cercam, a não viver segundo a carne. Antes, somos convidados a viver segundo o espírito da verdade que gera vida.  Livres para não vivermos segundo os conselhos do mundo que nos aprisionam em velhas indulgências e leis que matam.
                 Que sejamos fortes para lutar em nome da vida, contra a discriminação, a mortalidade, a ilusão da compra de um lugar no céu, ou de be
nçãos que podem ser parceladas em até 15 vezes!
                  A escolha entre continuar vivendo a mesma vida de madeira e se refazer aos risos das crianças está em suas mãos, com a massinha de modelar enxergamos a possibilidade da renovação e da reconstrução! De sermos moldados filhos de Deus! Como lembrança desse desafio, molde um pequeno boneco, que ele te lembre o cheiro da infancia e o cheiro da graça que não morre.
                  Somos acompanhados e feitos pelo Espírito que nos guia em meio a dúvida. Pelo Filho que nos concede a herança de sermos dignos e humanos como Ele e pelo Pai, com o qual podemos vencer o julgo da religiosidade e clamar com liberdade: Abba - paizinho, vem sobre nós e nos faz crianças de novo!